Antonio Asis
Antonio Asis (Buenos Aires, 1932 – Paris, 2019) nasceu em 1932, em Buenos Aires. Frequentou a Escuela Nacional de Bellas Artes Prilidiano Pueyrredón, onde estudou composição, as teorias da Bauhaus e os mecanismos da percepção visual com Héctor Cartier. Iniciou sua produção ainda com uma estética cubista, passou por um estilo geométrico mais lírico, e então partiu para um vocabulário abstrato rigoroso. Trabalhou a incidência da luz sobre a película fotográfica, explorando a abstração e a não-representação. No início dos anos 1950, integrou a vanguarda de Buenos Aires, dominada pelo grupo dissidente Madí, que defendia uma arte programada e seriada. Graduou-se como professor de pintura e, em 1956, em busca de novos conhecimentos e renovação, mudou-se definitivamente para Paris. Na capital francesa, aproximou-se da Galerie Denise René, o templo da Abstração Geométrica do pós-guerra. Naquele mesmo ano, investigando questões óticas, criou seu primeiro relevo em grade, seguindo os relevos de plexiglas produzidos por seu amigo Jesús Rafael Soto em 1955. A operação envolvia a colocação de uma placa metálica perfurada na frente de um painel de madeira pintada, criando vibrações e oscilações espaciais e visuais ao menor movimento do espectador: “o objeto está vivo”, afirmava o artista. Esse e outros modos variados de perturbação espacial-visual desinibiam o público e aproximavam as fronteiras entre arte e vida, estabelecendo uma relação dinâmica entre a imagem e a percepção do olho e reforçando a importância do encontro do espectador com a obra.
Estudos sobre cores emergiram no final de 1958, com as composições Touches Colorées, com diminutos círculos coloridos espalhados pela superfície do papel. Asis tinha um controle preciso dos efeitos tonais por meio de elaborados sistemas de numeração que levavam à criação de um mosaico estruturado nas linhas perpendiculares da grade. No início dos anos 1960, trabalhou como assistente de Soto, momento no qual afirmou sua linguagem plástica e identidade artística como membro do grupo de artistas Latino-Americanos que defendiam a geometria abstrata. Participou da exposição 30 Argentins de la Nouvelle Génération, em 1962, na Galerie Creuze e, em 1970, depois de integrar diversas coletivas, realizou sua primeira individual na galeria Krebs, em Berna, Suíça. Em 1971, foi cofundador do Groupe Position, juntamente a outros argentinos radicados em Paris. Realizou séries importantes como "Cercles Concentriques", "Interférences", "Trames Quadrillées" e "Carrés Rythmiques".
Em suas obras, Asis era capaz de produzir efeitos de ilusão espacial a partir de tons que se dissolviam segundo um movimento que escurecia a pintura da periferia para o centro. Toda sua produção se fundou na exploração das possibilidades oferecidas pelos elementos e técnicas, de maneira a obter uma grande diversidade de soluções. Centrada nas sutilezas do que o olho humano poderia captar, sua poética foi construída a partir das vibrações que alcançava com a interação de formas e cores, efeitos de aproximação e afastamento, e da aceleração cromática de movimentos leves que se percebem sobre o plano de fundo. Mais adiante, o foco de seu trabalho passou também a residir no movimento real. Algumas de suas peças eram feitas por grandes superfícies monocromáticas, animadas por espirais ou esferas que o espectador podia movimentar, ou cubos de feitura impecável cuja mobilidade permanente era mantida por motores elétricos. Antonio Asis foi impulsionado por um incansável espírito de pesquisa e continuou trabalhando sozinho em seu ateliê até o final de sua vida, em 2019.
As obras de Asis foram exibidas em inúmeras importantes mostras sobre arte cinética, incluindo "Soundings I & II", Signals Gallery, Londres (1964-66); "Art and Movement", Tel-Aviv Museum (1965); "Mouvement et Lumière", Musée des Beaux-Arts de Bruxelles (1965); "Lumière et Mouvement", Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris (1967); "Kinetica", Museum des 20. Jahrhunderts, Viena (1967); "Force Fields", Macba, Barcelona (2000); "Denise René l’Intrépide", Centre Pompidou, Paris (2001); "Beyond Geometry", Lacma, Los Angeles (2004); "Los Cinéticos", Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri (2007); e "Dynamo. Un siècle de lumière et de mouvement dans l’art 1913-2013", Grand Palais, Paris (2013). Entre as principais exposições individuais do artista estão "Antonio Asis", Galerie Krebs, Berna (1970); "Atelier Antonio Asis – Œuvres des années 50 à 70", Hôtel Drouot, Paris (1989); "Expression Visuelle", Arte Struktura, Milão (1995); "Antonio Asis", Sicardi Gallery, Houston (2007); e "Antonio Asis: Un Universo Vibrante", Museo Nacional de Tres de Febrero, Buenos Aires (2012). Possui obras em acervos importantes como Musée National d’Art Moderne, Paris; Centre Georges Pompidou, Paris; Collection Jean et Colette Cherqui, Paris; Museum of Fine Arts [MFAH], Houston; Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO), Miami; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri; Museo de Arte Contemporáneo Latinoamericano (MACLA), La Plata; Museo Nacional Tres de Febrero (MUNTREF), Buenos Aires; Museo de la Solidaridad Salvador Allende (MSSA), Santiago; e Museo de Arte Moderno Jesús Soto, Ciudad Bolívar.
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