Carlos Cruz-Diez
Carlos Cruz-Diez é um dos principais protagonistas da arte contemporânea. Suas pesquisas e seus escritos o tornam uma das maiores referências do século XX sobre cor, e sua obra revelou-se totalmente inovadora na aplicação de fenômenos cromáticos e perceptivos na arte.
Ainda jovem, aos 16 anos, matriculou-se na Escuela de Artes Plásticas y Aplicadas, onde se formou em 1945. Inicialmente, realizava pinturas focadas no realismo social, mas já naquele período formativo havia percebido a importância de trabalhar com a cor. Aprendeu, portanto, a não pintar o matiz plano e evidente dos objetos, mas a interpretar as nuances que compõem as coisas do mundo. Aos poucos, foi aprofundando sua pesquisa, entendendo que cor existe no espaço e que é preciso saber vê-la. Na juventude, trabalhou como ilustrador e designer gráfico, além de ter feito quadrinhos para jornais venezuelanos. Depois, atuou como diretor criativo da agência de publicidade McCann-Erickson. Na década de 1950, começou a se interessar pelo abstracionismo e, em 1955, viveu um ano e meio em Barcelona, quando teve a oportunidade de visitar a exposição Le Mouvement, na Galerie Denise René, em Paris. Após breves viagens a Nova York e Paris, em 1957, retornou a Caracas e fundou o Estudio de Arte Visual, dedicado ao design gráfico e industrial.
Em 1959, criou o primeiro Physichromie (Fisicromia), um sistema de cores virtuais que revelava circunstâncias e condições mutáveis de acordo com o movimento do observador. Na série Chromosaturation (Cromossaturação), produziu ambientes artificiais compostos por três tons luminosos – vermelho, verde e azul –, que permitiam ao visitante mergulhar em uma atmosfera totalmente monocromática. A experiência propunha um distúrbio na retina que ativava no espectador a noção da cor como uma situação material, física. Sua pesquisa orientou-se para os chamados fenômenos cromáticos, nos quais os matizes, ao interagir com os espectadores, criavam um evento autônomo. O artista, então, passou a concentrar-se na dissociação do binômio forma-cor, propondo a liberação desses elementos.
Em 1960, mudou-se permanentemente para Paris e, no ano seguinte, participou da exposição Bewogen Beweging no Museu Stedelijk, em Amsterdam; já em 1965, participou da exposição The Responsive Eye, no MoMA. Convivia proximamente a artistas como Jesús Rafael Soto, principalmente pelo interesse no estudo de vibrações ópticas e o senso de movimento nos trabalhos. Cruz-Diez também acreditava na importância acadêmica, tendo lecionado na École Supérieure des Beaux Arts, em Paris, e no Instituto Internacional de Estudos Avançados, em Caracas. Realizou trabalhos de grande escala ao redor do mundo como resultado de uma pesquisa que redefiniu a experiência pública, como, por exemplo, na obra localizada no Simón Bolívar International Airport.
Entre suas inúmeras exposições individuais, destacam-se: “Cruz-Diez. El color en movimiento” (2024), Centre Pompidou Malaga, Málaga; “Carlos Cruz-Diez: Induções Cromáticas” (2024), Simões de Assis, São Paulo; “El Peso de la Forma: The Graphic Design of Carlos Cruz-Diez” (2021), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri; “Cruz-Diez: A Liberdade da Cor” (2019), Centro Cultural Porto Seguro, São Paulo; “Cruz-Diez: A cor no espaço e no tempo” (2012), Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; “XXV Bienal de São Paulo Biennial” (2002), Pavilhão da Venezuela, São Paulo; “Apuntes sobre el Color” (1993), Museo de Bellas Artes, Caracas; “35a Bienal de Veneza” (1970), Pavilhão da Venezuela, Veneza.
Cruz-Diez também integrou diversas mostras coletivas, incluindo: “Electric Dreams” (2024), Tate Modern, Londres; “Connecting Currents: Contemporary Art at the Museum of Fine Arts, Houston. Color into Light” (2020), Museum of Fine Arts (MFAH), Houston; “Lo[s] Cinético[s]” (2007), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri; “Latin American Artists of the Twentieth century” (1993), Museum of Modern Art (MoMA), Nova York; “Contrastes de Forma. Arte Geométrica Abstrata 1910-1980” [das coleções Solomon R. Guggenheim Museum e Museum of Modern Art, New York] (1986), Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo; “IX Bienal de São Paulo” [na ocasião, recebeu o Prêmio Internacional de Pintura] (1967), São Paulo; “Mouvement 2” (1964), Galerie Denise René, Paris; “Bewogen Beweging” (1961), Stedelijk Museum, Amsterdã.
O artista tem obras em coleções de importantes instituições, como: Museu de Arte de São Paulo (MASP); Museu de Arte Moderna (MAM), Rio de Janeiro; Museum of Modern Art (MoMA), Nova York; Tate Modern, Londres; Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, Centre Pompidou, Paris; Museo de Arte Contemporáneo, Bogotá; Museo de la Solidaridad Salvador Allende, Santiago; Museum of Fine Arts (MFAH), Houston; e Wallraf-Richartz Museum, Colônia.