Miguel Bakun
Filho de imigrantes ucranianos, Miguel Bakun (Mallet, PR – 1909-1963) foi um grande pintor e desenhista. Ainda jovem, em 1926, ingressou na Escola de Aprendizes da Marinha, em Paranaguá, e em seguida foi transferido para a Escola de Grumetes do Rio de Janeiro, onde começou a realizar esboços a lápis, desenhos de observação, retratos, caricaturas e paisagens com estímulo de seu colega e contemporâneo na Marinha carioca, José Pancetti. Em 1930, em virtude de um acidente, desligou-se da Marinha e se mudou para Curitiba. Mesmo sem formação sistematizada em artes plásticas, Bakun montou ateliê em sua residência e trabalhou como fotógrafo lambe-lambe. Nos anos 1940, compartilhou ateliê com outros artistas no centro da cidade. A década é considerada promissora para ele, marcada por suas primeiras participações e premiações no Salão Paranaense de Belas Artes e pela participação em duas edições do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Chegou a receber algum interesse da crítica: o artista e professor Guido Viaro afirmou que Bakun "elimina o ar das paisagens como se fosse uma experiência de física".
Os anos 1950 foram os mais prolíficos, quando pintou retratos, naturezas-mortas, marinhas e sobretudo paisagens, além de murais. Ao final da década, produziu obras com alusões animistas, em que figuras alegóricas se confundem com os contornos das paisagens. Apesar das eventuais premiações, Bakun não chegou a se inserir e nem ser reconhecido plenamente no incipiente sistema de artes local. Emergiu em uma cena de gradual modernização do repertório da pintura acadêmica, na qual a expressividade assertiva de suas obras parecia fora de lugar - experimental ou subjetiva demais.
Quando, porém, uma nova geração de artistas ganhou protagonismo na arte curitibana, foram as obras abstratas que tomaram o debate, o que também mantinha Bakun na periferia do olhar - ele era demasiadamente figurativo. Em seus últimos anos, já sofrendo por sua precária situação econômica, Miguel Bakun recebeu tratamento médico por causa de forte depressão. Encerrou sua vida em 14 de fevereiro de 1963.
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