Thalita Hamaoui
Thalita Hamaoui (São Paulo, Brasil, 1981), artista visual brasileira, vem desenvolvendo uma linguagem própria no campo da pintura, fazendo diversas referências figurativas e abstratas convergirem em uma natureza fabulosa — tanto por sua grandiosidade, em paletas complexas e composições vibrantes, quanto por seu caráter ficcional ou onírico. Utilizando técnicas como óleo e bastão oleoso sobre tela, a artista constrói superfícies densas e vibrantes, onde cada elemento parece em transição, refletindo um universo em metamorfose contínua. De acordo com a artista, cada pintura, independente de sua escala e formato da tela, representa um instante no fluxo movediço e pulsante de uma paisagem intocada por seres humanos ou animais. Esses lugares fantásticos são dominados pelas flores, montanhas, plantas e uma atmosfera em que o ar ou a água perturbam a certeza da gravidade para abrir-se em camadas flutuantes de vida e movimento.
Formada em artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em 2006, com pesquisa voltada à escultura e uma atuação ampla no campo da estamparia para design têxtil e de moda, Thalita passou a se dedicar à pintura, inicialmente sob orientação de outros artistas, como Bruno Dunley, Marco Gianotti, Rodolpho Parigi e Regina Parra. Em 2013, seus primeiros trabalhos em pintura contendo a gestualidade fundamental em sua produção até hoje, apresentavam elementos como casas e pessoas habitando as composições, mesmo que de modo secundário. Com o aprofundamento em sua poética ao longo dos últimos dez anos, o protagonismo da flora, das montanhas, dos fluxos de rio e vento passam a dominar toda a superfície das telas em paisagens exuberantes que abundam em cores, formas e diversas intensidades de pinceladas.
Na construção desse repertório, a artista mescla seu conhecimento sobre a estamparia, sua admiração sobre as plantas nativas, seu interesse na produção pictórica de grandes nomes como Katsushika Hokusai, Alfons Mucha, Alberto da Veiga Guignard, Sonia Delaunay e Pierre Bonnard, tendo como fonte central sua própria imaginação a partir de memórias ancestrais e histórias familiares, especialmente as narrativas de sua avó sobre a Romênia. Todos esses elementos se fundem na elaboração de uma pintura autêntica que dialoga amplamente com a contemporaneidade dessa linguagem, na possibilidade de inventar e abrir portais de fuga para mundos em que natureza e emoções explodem com grande vitalidade.
Thalita Hamaoui conta com exposições individuais realizadas desde 2017, com destaque para "Nascer da Terra" (2025), Marianne Boesky Gallery, New York; “A terra e o devaneio da vontade” (2023), Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; e “Gaia: seu corpo, sua carne, seu sopro” (2023), Simões de Assis, São Paulo. Participou de inúmeras mostras coletivas em museus e galerias no Brasil e no exterior. Seus trabalhos se encontram em coleções públicas e privadas, incluindo: Museu Oscar Niemeyer (MON), Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e Coleção Ricardo Britto.