Metamorfose – Sublimação e Transmutação
Eu não distingo entre o campo da arte dos outros. O desejo
de criação artística não me parece se opor mais ao desejo
de transformar o mundo do que o pensamento científico...
André Malraux
A metamorfose, além das formas, pertence ao pensamento dos criadores desde a mitologia greco-romana, como por exemplo o caçador Actéon sendo transformado em veado após ter surpreendido Ártemis em seu banho, ou Daphne fugindo do ardor de Apolo tornando-se em uma árvore de louro, ou mesmo ninfa Syrinx que se transformou em juncos para escapar do deus Pã. Rompendo com o termo “transformação", o famoso relato poético das metamorfoses de Ovídio no século I foi uma fonte de inspiração de Botticelli a Picasso. Suas obras não explicam a organização do mundo, mas dão uma visão do mundo. Desde sempre, e ainda mais com a arte contemporânea, os artistas usam caminhos que não existem, usam palavras e formas desconhecidas, transformam o que pensamos e que sabemos sobre o mundo. Sopram o vidro, usam a energia da luz ou da Natureza... Seus corpos tornam-se suas paletas, suas esculturas falam; os artistas revisitam os mitos, mudam o mundo ao nosso redor, transformando-o e sublimando-o – gostam de romper os limites e as transformações. São surrealistas, amam as convulsões, os acidentes e as aparições, às vezes têm visões e alucinações, acreditam na evolução inevitável rumo à desordem, fazem renascer a Natureza de suas cinzas... Trabalham a ambiguidade das palavras, embaralham conceitos até em suas próprias vidas. O verdadeiro e o falso se misturam.
Esta exposição conduz um trabalho de reflexão em torno deste tema universal da metamorfose, abordando-o na sua transversalidade, na evolução e nos ciclos de vida. Essas flutuações de forma são, antes de tudo, humanas. Não deixam de citar a metempsicose, esta migração das almas após a morte, que encontramos em Platão, ou este devir permanente do mundo de que fala a poesia do romano Lucrecio, “Tudo passa, tudo muda” ou o “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, ecoando a famosa máxima de Lavoisier, químico francês do século XVIII
Existem três tipos principais de metamorfose: aquelas que explicam o advento do mundo e de que ele é feito: as estrelas (a Ursa Maior), as flores e os insetos (Aracne tornou-se uma aranha); aquelas que se relacionam com o jogo e a astúcia, como são os disfarces de Ulisses ou Zeus; e, por último, estão todas as metamorfoses que iniciam com uma mudança profunda – a mudança de espécie (homem / animal / planta), de aparência (o rei Giges da Lídia e seu anel o que o tornava invisível), ou de gênero (Tirésias e Hermafrodita, os mais conhecidos).
Numa continuidade de formas, corpo e mente, questões e histórias, as metamorfoses também atuam no nosso futuro, daí este problema, abordado neste início de peças selecionadas de um possível transumanismo. Quem queremos ser? E como? As metamorfoses da Antiguidade contêm exemplos que nos permitem pensar desde o mais ordinário ao mais extraordinário da mudança, temporária ou irreversível, mas sempre com esta pergunta: o que isso acarretará para nós? Será uma adaptação ao mundo ou aos nossos desejos? Para petrificar ou ganhar vida? A metamorfose também não é uma definição de obra de arte? E a obra não existe apenas por meio do que lhe escapa?
Esta mostra oferece uma seleção de artistas brasileiros/as e internacionais, reconhecidos/as ou mais jovens, que nos dão sua visão de mundo e uma resposta possível a essas perguntas por meio de suas criações artísticas originais, novas formas de metamorfose, sublimações e transmutações.
Marc Pottier

 
                           
                           
                           
                           
                           
                           
                           
                           
                           
				
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