“Densidade e Superfície” reúne obras de Arcangelo Ianelli, Eduardo Sued, Tomie Ohtake e Abraham Palatnik, quatro nomes fundamentais da arte brasileira. A mostra tem como ponto de partida a relação entre a concretude do suporte pictórico e a densidade comunicativa existente entre a obra e o observador. A complexidade poética dos trabalhos desses artistas parte das questões formais e materiais inerentes ao plano, mas atinge seu ápice na associação temporal entre o espectador e a obra. Trata-se de uma relação imersiva e, por vezes, meditativa, que busca escapar do imediatismo que pode vir a banalizar grande parte de nossas relações cotidianas. No aspecto cromático e espacial a mostra destaca quatro estratégias diferenciadas de ação que, dentro de premissas associadas à abstração, reforçam a sua individualidade e a variedade de resultados que a arte moderna possibilitou. Libertos, hoje de determinadas características impositivas que o modernismo, em nome de uma construção utópica de mundo, veio a propor, os artistas reafirmam os valores intrínsecos da arte reforçando aspectos construtivos essenciais.

 

No caso brasileiro a industrialização tardia e o processo crescente de urbanização ocorrido no pós-guerra possibilitaram o surgimento de movimentos artísticos que dialogavam com questões modernistas a elas acrescentando um compromisso (ou uma provocação) humanista, que alguns, à época, preferiam caracterizar como “geometria sensível” e que hoje, apropriando-se de um vocabulário mais contemporâneo poderia se identificar com a “contaminação virótica”. O fato é que tais caracterizações servem apenas para reforçar a extraordinária vitalidade e a pertinência do conjunto de obras desses grandes artistas brasileiros que souberam na hora certa recusar a gratuidade folclórica sem perder em nenhum momento de suas trajetórias o compromisso com a construção de uma produção artística que traduzisse a especificidade do olhar, da inteligência e da sensibilidade brasileira.

 

As pinturas de Arcangelo Ianelli exploram as sensações visuais e emocionais provocadas pela observação da superfície do quadro. Seus trabalhos resultam de habilidosas pinceladas que se sobrepões sob a forma de construções geométricas ou que se dissolvem suavemente no plano pictórico e parecem se expandir dos limites físicos da tela. Estamos diante de largos campos de cor, de diferentes tonalidades e transparências, que muitas vezes evocam uma tradição paisagística e romântica européia, mas que pelas mãos de Ianelli são transmutados para tentar alcançar uma profundidade semântica ambiguamente universal. Desse modo, seus trabalhos sugerem tanto uma continuidade das pesquisas artísticas de ilustres protagonistas do expressionismo abstrato como Mark Rothko e Barnett Newmann, quanto da produção figurativa ou quase-abstrata de grandes nomes do modernismo brasileiro, tais quais José Pancetti e Alfredo Volpi.

 

Eduardo Sued pinta espécies de “arapucas” abstracionistas. Seus quadros remetem a inúmeros momentos e verdades da chamada arte moderna, conectando, por exemplo, o colorismo esperançoso de Matisse às construções assimetricamente precisas de Mondrian. Há nessas pinturas, uma espécie de referência melancólica ao “fantasma” da pintura, aquele que não é visto, que se origina do reflexo do outro, que se estrutura no imponente mistério das paisagens silenciosas e das naturezas mortas morandianas que Sued recicla e transforma. Em meio a essas referências, o artista, como Manet, delas se apropria, utilizando-as como trampolim para a edificação de uma obra comprometida com seu tempo e voltada para o futuro. Suas pinturas, afirmativas da modernidade, são também dispositivos visuais que se contaminam por formas, contrastes, texturas, ironias e assumidas contradições trazidas não apenas da história da arte européia, mas também de sutis elementos oriundos do universo kitsch e pop-popular nacional.

 

Tomie Ohtake é uma das maiores representantes da pintura no Brasil. Sua obra de raízes abstratas informalistas e sensíveis emergiu na década de 1950, opondo-se à rigidez racionalista promovida por movimentos como o Concretismo paulista. Em seus trabalhos mais notórios, explora as sensações visuais provocadas por massivas e instigantes formas orgânicas ou curvilíneas. Já em outras, de caráter reducionista, essa exploração se dá basicamente por grandes áreas de cor que recobrem a superfície da obra, mas que sugerem um trasbordamento da pintura, do plano do quadro para o espaço. Em séries mais recentes, a artista investiga os efeitos plásticos e sensoriais provocados pela justaposição e sobreposição de inúmeras manchas de tinta – numa estratégia visual que remete, em parte, às obras impressionistas e pontilhistas, só que para criar trabalhos eminentemente abstratos e ambíguos. 

 

Os trabalhos de Abraham Palatnik evidenciam certo caráter lúdico inerente ao abstracionismo geométrico, incorporando efeitos cinéticos que se baseiam na cor/luz e na mecanicidade de determinados elementos volumétricos. A partir de um engenhoso seqüenciamento, seja com ripas de madeira ou papel fixados num suporte rígido, o artista constrói artefatos instigantes que ora revelam um intenso cromatismo, ora reestruturam e redefinem o espaço de ação da arte. Essas obras operam no espaço existente entre pintura e escultura, matemática e arte, método e liberdade. O resultado é não apenas um padrão visual ondulatório e flutuante, dotado de um sedutor cinetismo ótico, mas também uma espécie de topografia virtual, construída não com o objetivo de afirmar grandes verdades sociais, políticas ou espirituais, mas sim a autonomia imaginativa do observador. 

 

Marcus de Lontra Costa

Alvaro Seixas

Rio, outubro de 2013

Sem Título

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Vibração em Violeta e Terra

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