Antonio Malta Campos
Desde os primeiros anos da década de 1980, Antonio Malta Campos resguarda sua obra de qualquer imperativo estético norteado por princípios de autenticidade com a matéria ou com o gesto. Se uma vasta gama de caminhos abertos a partir desta postura, o artista se destaca dos interlocutores de sua geração que alinhavam-se a argumentos de autenticidade. Com a mesma liberdade estética, não há uma matriz interpretativa dominante. O olhar passeia por ícones, sugestões de formas, texturas, possíveis personagens e paisagens. Sua obra oscila entre traços e campos de cor, composição de camadas e elementos gráficos.
Ao longo do tempo, fortaleceram-se diálogos com a história da pintura e recorrentes apostas no traço como elemento estruturante da composição. Paralelamente, a tensão com produções contemporâneas como a de Philip Guston pode ter colaborado para a expansão da paleta cromática do artista, enquanto alusões a processos clássicos de pintura, como o esboço em tons de sépia, ampliaram o vocabulário técnico empregado em sua produção.
As pinturas apresentadas, realizadas entre 2017 e 2019, demonstram a pluralidade de procedimentos do artista. Entre as telas em preto e branco, por exemplo, o artista afirma: “são como personagens ou cabeças, como o retrato de alguém inventado, pois não observo ninguém. Muitas pinturas terminam tão abstratas que as pessoas não percebem que se trata de uma cabeça, mas eu percebo”.
As obras da série Misturinhas, por sua vez, compõem um conjunto de cerca de 300 novas telas e avançam uma pesquisa iniciada nos anos 2000. Em sua vertente mais experimental, as colagens, experiências e exercícios de Misturinhas dão subsídios para futuras pinturas.
30/06/2020 até 01/08/2020